Código: RC194

Área Técnica: Uveites / AIDS

INSTITUIÇÃO ONDE FOI REALIZADO O TRABALHO

• Principal: Hospital Naval Marcílio Dias

AUTORES

• PEDRO BASTOS VENTURA (Interesse Comercial:NÃO)
• Luciano Fuzzato Filho (Interesse Comercial:NÃO)
• Wanderson Dias Lopes (Interesse Comercial:NÃO)

Título

DOENÇA DA ARRANHADURA DO GATO, SEM ARRANHADURA? RELATO DE CASO

Objetivo

Esse trabalho tem como objetivo relatar um caso de neurorretinite por Bartonela Henselae, confirmado com sorologia, em uma paciente de 12 anos, previamente hígida, que negava contato direto com felinos.

Relato do Caso

PSSS, feminina, 12 anos, natural do Rio de Janeiro - RJ, previamente hígida, compareceu ao SPA do HNMD com queixa de BAV em OE há 5 dias, sem outros sintomas. Ao exame a paciente apresentava: AV de OD:1,0 (20/20) e OE: 0,05 (20/400), Bio do segmento anterior sem alterações em AO, PIO: 10mmHg em AO, DPAR e discromatopsia em OE. No fundo de olho de OE a paciente apresentava neurorretinite, com exsudatos maculares em estrela e edema importante do disco óptico. A paciente negava arranhaduras, mordeduras ou qualquer contato direto com felinos, porém disse que seu vizinho tinha "mais de 100 gatos"(sic). Além disso a paciente negava febre, linfadenopatia ou qualquer outro sintoma. Realizamos exames (imagens abaixo): angiografia fluoresceínica, campo visual, OCT, além de BAAR, sorologias para Sífilis, HIV, Toxoplasmose e Bartonella Henselae, que apresentavam IgG+ 1/640 para Bartonella e resto negativo, o que confirmou a hipótese de DAG. Iniciamos doxiciclina 100mg 2x/dia por 4 semanas e a paciente evoluiu com resolução do quadro: AV: 1,0 (20/20) em AO ao final do tratamento, apesar de ter permanecido uma lesão brancacenta na região do disco óptico (mostrada na imagem da última retinografia).

Conclusão

A bartolenose ou doença da arranhadura do gato é uma infecção sistêmica, cujos principais sintomas são febre, linfadenopatia e hepatomegalia. O envolvimento oftalmológico é raro, ocorre em cerca de 5% dos casos. A história de arranhadura de gato é muito frequente, relatado em 66% dos casos, e o contato com gatos em 100% de uma série de casos publicada pelo Dr.André Curi (nt Ophthalmol. 2010 Oct;30(5):553-8. doi: 10.1007/s10792-010-9389-5. Epub 2010 Jul 30). A neurorretinite, apesar de ser a forma oftalmológica clássica, ocorreu em apenas 16% dos casos da mesma série, sendo mais prevalentes o achado de infiltrados retinianos e lesões angiomatosas.