Código: RC090
Área Técnica: Oncologia
MELANOCITOMA DO DISCO OPTICO
Reportar caso de melanocitoma com características incomuns de baixa acuidade visual(BAV) importante e comprometimento extenso de disco óptico(DO).
RFBS, masculino, trinta anos, proveniente de Taquaralto – TO, foi atendido no ambulatório da Fundação Banco de Olhos de Goiás, em maio de 2015. Queixava-se de BAV em olho direito(OD) desde a infância, sem outros sintomas associados. Ao exame, apresentou acuidade visual sem correção de CD um metro em OD e 20/20 em olho esquerdo(OE); defeito pupilar aferente em OD; Biomicroscopia sem alterações em ambos os olhos. Fundoscopia evidenciava lesão pigmentada, elevada, em DO de OD. Fundo de olho de OE sem alterações. Aventado a hipótese diagnóstica de Melanocitoma. Solicitado ultrossonografia (USG), retinografia com angiofluoresceinografia(RTG). Paciente retorna em um mês com quadro clínico mantido. Trouxe USG ocular que mostrava lesão de 2.2mm de espessura e altura de 5.0mm, em topografia de DO. RTG evidenciava lesão pigmentada, em alto relevo, em topografia de DO; lesão hipofluorescente, por bloqueio, e área adjacente a lesão, hiperfluorescente, por defeito em janela, em topografia de DO. Novo retorno em três meses com novos exames que demonstraram imagem de lesão com dimensões iguais aos exames prévios.
O melanocitoma é uma lesão benigna do DO, incomum, pigmentada, pouco sobrelevada. A maioria dos casos é assintomática. O comprometimento extenso do nervo óptico e a BAV importante são sugestivos de transformação maligna. No caso relatado temos um paciente com BAV mantida desde a infância, e com dimensões preservadas ao longo do acompanhamento, o que fortalece o diagnóstico de melanocitoma. O fato de a lesão comprometer toda a extensão do nervo óptico e levar a uma BAV importante são fatores contra o diagnóstico de melanocitoma. Apesar de ser pouco prevalente e da baixa morbidade, o melanocitoma faz diagnóstico diferencial com o melanoma de coroide e apresenta potencial de malignização de cerca de 2%. Portanto é importante que o oftalmologista reconheça essa lesão e saiba manejá-la.