Código: RC014
Área Técnica: Córnea
ASSOCIAÇAO ENTRE CERATOCONE E SINDROME IRIDOCORNEANA ENDOTELIAL: RELATO DE CASO
Relatar caso de associação entre Ceratocone e Síndrome Iridocorneana Endotelial (síndrome ICE).
Paciente sexo masculino, 48 anos, com diagnóstico de ceratocone há 30 anos, comparece ao setor de córnea do serviço com queixa de baixa acuidade visual em olho esquerdo (OE) há 25 anos. Ao exame a acuidade visual (AV) corrigida com óculos era de 20/30 em olho direito (OD) e conta dedos a 2 metros em OE. A biomicroscopia do OD não apresentava alterações. Em OE observava-se córnea com edema, ectasia inferior, corectopia temporal inferior, atrofia iriana nasal superior e sinéquias anteriores periféricas (180º na região temporal pela gonioscopia). A pressão intraocular era de 10mmHg em ambos os olhos. A paquimetria mostrou espessura corneana central de 498µm em OD e 691µm em OE. Apresentava padrão topográfico compatível com ceratocone em ambos os olhos, sendo o maior valor ceratométrico de 50.0 D em OD e 52.2D em OE. Não foi possível a contagem de células endoteliais em OE, porém a microscopia especular mostrava a presença de pleomorfismo e polimegatismo neste olho. Como, apesar do edema, o paciente atingiu AV de 20/40 ao teste de lente de contato (LC) rígida em OE, foi indicado transplante endotelial (DSAEK: Descemet's Stripping Automated Endothelial Keratoplasty) associado a sinequiálise, pupiloplastia e facectomia, tendo sido orientado quanto a necessidade do uso de LC no pós-operatório para correção da irregularidade causada pelo ceratocone.
Apesar de rara, a associação de doenças corneanas deve ser sempre pesquisada e excluída antes da indicação terapêutica. No caso em questão, apesar do transplante penetrante ser a técnica de escolha para tratamento de ambas alterações em tempo único, optou-se pelas vantagens do transplante endotelial, considerando-se ser o paciente jovem e com um estágio de ceratocone passível de boa acuidade visual pós-operatória com lentes de contato.