Código: RC029
Área Técnica: Doenças Sistêmicas
PEROLAS IRIANAS: UM ACHADO PATOGNOMONICO DA HANSENIASE OCULAR
Reportar um caso de paciente diagnosticado com hanseníase, através de achados oftalmológicos típicos, e seu consequente manejo e conduta no Hospital das Clínicas de Pernambuco.
Paciente CLT, 44 anos, sexo masculino, casado, agricultor, procedente de Água Preta, Pernambuco, deu entrada no Hospital das Clínicas de Pernambuco com história de tumoração em área cantal medial de olho esquerdo associado a dor e saída de secreção purulenta a expressão há 14 dias. Apresentava acuidade visual de conta dedos em olho esquerdo e 20/30 em olho direito. Negava uso de medicações. Referia dores articulares com consequente dificuldade de deambulação e lesões de pele. Sem outras queixas. No exame o paciente apresentava madarose parcial dos supercílios e cílios. À biomicroscopia, foi visto hiperemia conjuntival (2+/4+), ceratite punctata e ceratite em pó de giz em região superior, nódulos irianos compatíveis com pérolas irianas (figura 1) e catarata nuclear (2+/4+), além da dacriocistite. Sem alterações na fundoscopia. Paciente foi orientado a realizar compressas mornas e uso de antibiótico oral. Foi encaminhado para o tratamento com poliquimioterapia convencional para hanseníase multibacilar, estabelecida pelo Ministério da Saúde, e acompanhamento com reumatologista e dermatologista, além do seguimento oftalmológico.
O caso relatado apresentou sinal patognomônico de hanseníase ocular permitindo o diagnóstico da patologia. O reconhecimento precoce da hanseníase e tratamento oportuno são elementos-chave para cessar a transmissão, prevenindo incapacidades e lesões irreversíveis causadas pela doença.