Código: RC127
Área Técnica: Refração
MIOPIZAÇAO POR TOPIRAMATO EM JOVEM COM ENXAQUECA
Descrever um caso de miopia aguda secundário ao uso de topiramato no Hospital Ana Costa.
Paciente do sexo feminino, branca, 36 anos de idade, foi admitida no Pronto Socorro do Hospital Ana Costa, com queixa de cefaleia, náuseas e baixa acuidade visual em ambos os olhos. Refere que iniciou o uso de topiramato há 5 dias antes do início dos sintomas, devido à migrânea. Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual sem correção de conta de dedos a 4 metros no olho direito e conta dedos a 6 metros em olho esquerdo com acuidade visual para perto de J1. Ao exame biomicroscópico, notou-se conjuntiva clara com discreta quemose difusa, ausência de injeção ciliar, córnea transparente, câmara anterior rasa em ambos os olhos. As pupilas apresentavam-se em miose, porém respondiam ao estímulo luminoso. À tonometria de Goldman: 16 mmHg em ambos os olhos. À oftalmoscopia direta, apresentava escavação simétrica 0,3 x 0,3 com bordo papilar bem delimitado e róseo, vasos com presença de tortuosidade fisiológica e mácula com brilho normal. A avaliação gonioscópica evidenciava ângulo fechado em todos os quadrantes com visualização do trabeculado com identação. Os achados fundoscópicos apresentaram inalterados em ambos os olhos. Foi realizado o diagnóstico de efusão uveal por topiramato.
No presente caso, houve regressão completa do quadro após a interrupção do medicamento. O topiramato pode causar edema do corpo ciliar e relaxamento da zônula, com consequente deslocamento anterior do diafragma irido-cristaliano, causando miopização aguda e fechamento angular. Como o mecanismo de fechamento angular não envolve bloqueio pupilar, iridectomias periféricas e o uso de mióticos tópicos não são efetivos nesses casos. Isto posto, uma conduta adequada e precoce deve ser realizada para que não ocorra perda irreversível da visão