Código: RC091
Área Técnica: Oncologia
MELANOMA CONJUNTIVAL PRIMARIO: UM RARO E IMPORTANTE DIAGNOSTICO DIFERENCIAL
OBJETIVO O presente trabalho objetiva descrever um caso suspeito de melanoma de conjuntiva primário (MC), que, apesar de raro, representando apenas 2% dos tumores malignos oculares, é a 2ª lesão maligna mais frequente da conjuntiva. Ela representa a transformação maligna de melanócitos e nevus.
Paciente do sexo feminino, 74 anos, brasileira, residente em Brasília, tabagista e hipertensa foi atendida no Pronto Socorro de Oftalmologia do Hospital de Base do Distrito Federal com queixa de dor em olho direito, apresentando lesão tumoral enegrecida em região temporal, com invasão corneana (imagem). À biomicroscopia não se observou qualquer outra alteração. A fim de se descartar metástase foi solicitado o mapeamento de retina em que se observou um fundo de olho normal, caracteristicamente senil. Em 31/07/2014 foi realizada a exérese extensa de lesão conjuntival perilimbar com margem de segurança de 3 mm. O estudo histopatológico revelou um fragmento irregular de tecido pardo avermelhado, elástico, medindo 1,5 x 0,5 x 0,2 cm, cujo diagnóstico foi de proliferação melanocítica em conjuntiva. Em 16/12/2015, uma segunda biópsia para controle foi realizada, utilizando-se dois fragmentos de tecido, que se apresentaram esbranquiçados, elásticos e medindo o maior 1,5 x 0,4 cm e o menor 0,8 x 0,4 cm, contendo uma área enegrecida e uma proliferação melanocítica em ninhos ao longo da mucosa conjuntival, com atipias e sem evidência de invasão. É importante destacar que a presença de artefatos técnicos impede a diferenciação entre Melanose Primária Adquirida com Atipias (MAP) de um Melanoma in situ.
A MAP com atipias apresenta risco de até 46,4% de progressão para MC em 2,5 anos. Deve-se evitar a biópsia incisional pelo risco de disseminação. O tratamento de eleição do MC e de sua lesão precursora é a ressecção cirúrgica. Apesar de raro, o MC constitui uma lesão extremamente agressiva. Por isso, a identificação e o seguimento periódico de pacientes com diagnóstico de lesões pigmentadas benignas e precursoras faz-se fundamental.