Código: RC028
Área Técnica: Doenças Sistêmicas
HEMORRAGIA MACULAR EM PACIENTE COM DENGUE: RELATO DE CASO
Demonstrar a importância de se considerar a dengue na investigação das hemorragias vítreas e retinianas.
M.A.N., feminino, 46 anos, hipertensa, compareceu ao serviço de urgência da Clínica de Olhos da Santa Casa de BH em janeiro de 2016 com história de baixa acuidade visual súbita e visão de “mancha vermelha” em OD. Relatou quadro viral recente, provável dengue, e que percebeu tais sintomas ainda durante a infecção aguda. Negou uso de medicamentos, traumas e cirurgias oftalmológicas. Apresentou hemorragias vítrea e retinianas em OD, uma delas acometendo a mácula, inclusive a fóvea. As lesões foram documentadas por meio de retinografia e angiofluoresceinografia. As arcadas vasculares retinianas apresentaram-se fisiológicas em ambos os olhos e o OE não apresentou alterações à fundoscopia. Não havia sido solicitada contagem de plaquetas durante o quadro viral. Foram excluídas doenças que poderiam cursar com vasculite ou distúrbios de coagulação. Apresentou sorologia reagente para o vírus da dengue e 196.000 plaquetas e, como este exame fora realizado algumas semanas após o episódio viral, é provável que a contagem de plaquetas tenha atingido níveis inferiores a 150.000 durante a infecção aguda. Optou-se pelo acompanhamento clínico das lesões e a paciente evoluiu com reabsorção espontânea das hemorragias e piora inicial da visão no OD, seguida de melhora progressiva nas semanas subsequentes (20/70 na primeira consulta, CD 2 metros após quatro semanas e 20/70 seis semanas após o atendimento inicial). A paciente não compareceu à consulta subsequente e abandonou o tratamento.
A dengue, doença de elevada incidência no Brasil, pode cursar com plaquetopenia e deve ser considerada, juntamente com outras doenças caracterizadas por distúrbios de coagulação, como um diagnóstico diferencial das hemorragias vítreas e retinianas.